EXCLUSIVO O PORTAL HELIÓPOLIS NOTÍCIAS ENTREVISTA
O PROFESSOR E BLOGUEIRO LANDISVALTH LIMA.
Por Jorge Souza
Portal:
Ao longo da sua trajetória política aqui em Heliópolis, você sempre esteve
inserido nos mais diversos grupos políticos com o intuito de fazer uma
Heliópolis melhor, mais justa e uma administração voltada para o povo. Nessa
sua trajetória o que você aponta como positivo e negativo?
Landisvalth:
Os grupos políticos em Heliópolis nunca existiram como grupo. Na verdade, são
apenas dois agrupamentos: os que estão no governo e os que querem ser governo.
Lá atrás tinha o PT, quando Zé Guerra e eu fomos candidatos, tentei formar uma
terceira alternativa depois, mas sem sucesso. Gilberto também tentou e não
conseguiu. O que ficou de positivo é a sempre possibilidade de se buscar
alternativas. Não se pode aceitar as coisas como são porque nós podemos mudar o
foco e encontrar o novo.
Portal:
Em uma recente publicação em seu blog (o
Landisvalth Blog), você chamou Claudivan, Giomar, José Mendonça
Dantas, Zé do Sertão e Valdeliciode:
“O débil, o Mentecapto, oEgólatra,
o desvairado e o Farsante”. Porque você se
dirigiu a esses indivíduos com esses sinônimos? O que afinal aconteceu?
Landisvalth:
É que a sede de poder e de vingança deixam os desavisados expondo sobremaneira
os seus defeitos. E eles não vão aceitar nunca o que disse porque há na cabeça
de cada um deles a ideia de que o mundo gira no entorno deles. O Giomar, por
exemplo, está me processando. O olhar da mídia sobre estas pessoas é
implacável. Todo político mal-intencionado tem horror ao que falam dele. Os
democratas debatem. Tentam vencer a mídia com argumentos e exemplos. Aqui usam
a Lei da força. O que coloquei sobre eles está lá bem claro. O intuito não foi
ofendê-los como seres sociais, mas como agentes públicos. Heliópolis não
suporta mais certos comportamentos políticos. Sei que tem gente que acha tais
comportamentos como normais da política. Quem pensar assim é ou débil, ou
mentecapto, ou ególatra, ou desvairado ou farsante. E tem gente que sofre todas
estas desgraças ao mesmo tempo, a depender da candidatura que disputa.
Portal:
Um agradecimento. “Obrigado a todos” e algumas interrogações num poema:
E paro por aqui.
Há um tempo para tudo!
Se nada mudou,
acho que ajudei a melhorar o mundo,
ou, talvez,
a repetição da dor
engana o nosso sofrer.
As
exclamações dessa poesia traduzem vários sentimentos como um adeus, até logo ou
até mais. Qual é a verdadeira tradução dessa mensagem?
Landisvalth:
A tradução literal é que está na hora de parar, de dar um tempo. Sei que nada é
para sempre. Até o “para sempre” sempre acaba. Eu não escrevo para ganhar
dinheiro, não faço política para ganhar dinheiro. Faço para transformar uma
sociedade. Só que não está funcionando na velocidade que desejava. Se
continuasse, a tendência era travar uma nova guerra. Sou um soldado, mas há
hora para tudo. Neste momento, o melhor é parar para ver se, sem a minha
interferência, a coisa possa andar. Está claro que quase tudo parou. Depois de
uma reunião foi que tomei a decisão. Disse a Ana Dalva que sairia de cena. Nada
de política, nada de artigos. Os blogs estão lá, mas não serão atualizados. Não
quero tirá-los do ar para que pessoas possam saber um dia como as coisas
funcionavam, mas não haverá mais postagens. Tenho 55 anos e só fiz lutar.
Preciso de um tempo de reflexão. Tenho dez livros para terminar, três escolas
para cuidar e uma centena de livros na fila para ler. Preciso de tempo para as
coisas que caminham, que funcionam, que trazem benefícios para mim e para a
sociedade.
Portal:
Você não acredita mais na gestão do prefeito Ildinho?
Landisvalth:
Ildinho foi o maior prefeito da história de Heliópolis e eu espero que ele
quebre o seu próprio recorde administrativo. Tenho medo é da ideia do
comodismo. Isto trava a renovação. E nem estou colocando na conta os velhos
vícios. Na sua primeira administração, Ildinho se livrou de vários problemas,
mas ele pode ser engolido pelos problemas que, por medo da derrota, não foram
extirpados. Estou cansado de falarem: “Bem que Landisvalth disse!” ou
“Landisvalth estava certo!”, mas quando nós falamos ninguém quer ouvir ou
entender. Essa coisa de esperar que a porta arrebente para depois consertar não
é meu estilo. Sou de sentar, discutir, analisar e planejar. Não quero que me
peguem com as calças na mão. Ildinho tem condições de fazer um governo ainda
melhor que o outro. A questão é saber se ele terá coragem para isso. E o bom de
tudo é que eu posso estar errado.
Portal:
Quanto aos seus discursos nos palanques das Campanhas de 2012 e 2016, vão ser rasgados
e jogados na lata do lixo?
Landisvalth:
O que disse não apago. Posso ter-me equivocado. Para isso, se fosse o caso,
pediria desculpas. Até aqui não mudo uma palavra. Sair da política partidária
não significa apagar meus princípios. Política na minha casa só com Ana Dalva.
É ela quem vai representar a Rede Sustentabilidade e terá sempre meu apoio. Não
há rompimento com o grupo. Eu me afasto, mas Ana Dalva continua a luta da Rede
e os compromissos assumidos com Ildinho. A situação dela é pior. Caso se
decepcione, não poderá sair de cena. Ela tem um mandato e cumprirá até o fim.
Só peço que ela tenha mais paciência que eu. Antigamente, o problema era perder
uma eleição. Hoje, aqui em Heliópolis, parece que o maior problema é ganhar.
Portal:
Você se despede da gestão do prefeito Ildinho por que?
Landisvalth:
Não sei se é um afastamento. Até por continuar sendo professor, é impossível se
afastar. Largo a luta partidária, a defesa de uma ideia. Se o prefeito precisar
de mim, e eu duvido muito disso, para uma conversa sem alarde ou uma
colaboração técnica na área de educação, continuarei ao seu inteiro dispor. Não
mais serei soldado de partido algum e de grupo nenhum. Essa coisa de chamar o
vizinho para o plantio e, na hora da colheita, fingir que não o conhece não é
bem o meu perfil. Queria participar, ser cobrado pelos companheiros, dividir
ideias e opiniões. Essa coisa de um manda e outro obedece não é democracia.
Posso até ter uma ideia não aceita, mas nem ser chamado para o debate é demais!
Portal:
Os projetos da Rede Sustentabilidade para com o governo vão ser retirados da
pauta da gestão?
Landisvalth:
Acredito que não porque Ana Dalva deve lutar por isso até o fim, e até para o
bem do governo de Ildinho. Aquelas ideias são maravilhosas, inclusive muitos
itens do seu próprio programa de governo. Se 30% daquilo for implantado será a
glória! Só espero que eles não joguem aquilo fora. Se bem que não duvido de
nada. No Brasil, impeachment é golpe, Fidel Castro é o sumo pontífice da
liberdade, Bolsonaro é solução para governar o país para 8% de malucos e Lula
não sabia de nada que acontecia na Petrobrás! Tudo pode acontecer!
Portal:
Quais foram os motivos que fizeram você desistir de tudo?
Landisvalth:
Acho que devo ter já, mais ou menos, respondido a isso, embora não
especificamente. Na verdade, não houve um motivo, mas um conjunto deles. Nossa
sorte é que os opositores erraram mais e o povo estava decidido a reconduzir
Ildinho à prefeitura. Mas foi quase! Penso que o que separou Ildinho da derrota
foi a marca de 1 milhão de reais. Embora os opositores tenham gasto três vezes
mais, faltou o uma vez mais. Infelizmente a política não é feita somente de
eleitores bons. E mesmos alguns bons tropeçam na sua honestidade. Ainda não
temos uma maioria de eleitores conscientes, mas eles fizeram o diferencial e
ajudaram sobremaneira a recondução de Ildinho ao poder. Meu medo é que a luta
desses eleitores não seja correspondida nesta segunda batalha. É hora de
Ildinho se livrar de alguns parasitas e focar no progresso do município. O
antídoto para acabar com os parasitas políticos é uma administração de
qualidade. Para isso, é preciso não ter medo de perder. É esse maldito medo que
mantém vivo os carrapatos do poder. Tem uma juventude aí disposta a vitaminar o
futuro de Heliópolis. É preciso olhar para o outro lado e ver que a estrada nem
sempre é torta e íngreme.
Portal:
Qual recado você mandaria para a oposição?
Landisvalth:
Quando houver em Heliópolis uma oposição com “O” maiúsculo, faça-me esta pergunta
e responderei com muito prazer.
Portal:
Qual mensagem você deixa para o prefeito Ildinho e para o grupo dele?
Landisvalth:
Boa sorte ao prefeito e a seus comandados, mas não se esqueçam que água mata a
sede e é possível morrer de sede em frente ao mar.
Portal:
O que você vai fazer a partir de agora?
Landisvalth:
O que sei fazer razoavelmente bem: escrever livros, dar aulas, cuidar da minha
biblioteca e o que mais me for permitido. E obrigado, Jorge Souza, pelo espaço.